Hey boy, não sou diferente de nenhuma que você
conhece. Vivo com a unha pintada, só saio se for arrumada; não dou "oi
tudo bom" pra todo mundo, levo tudo muito a sério, muito a fundo. Não sou
nenhuma bruxa, não faço feitiços pra te ter pra mim, para tardar o fim, pra que
me aceitem assim. Tampouco sou mágica, não guardo cartas na manga, não tiro
coelhos de cartolas. Eu me guardo pra mim mesma, guardo
pessoas dentro de mim; tiro palavras do coração e formo textos, divido meus
sentimentos; se você considerar isso magia, então eu tenho. Checo sua vida pela
internet, seu passado com conhecidos e já viu seu futuro com a cartomante, sou
um pouco detetive, pra não ser enganada. Mas saio por ai para procurar algum amor, ou desvendar algum cara, e muito menos,
uso minha lupa para aumentar algum sentimento. Não gosto de truques, me perco
em segredos e ainda prefiro o real a qualquer coisa que me possa iludir. E você
nunca vai poder dizer que eu sou decidida, pois na hora de tomar minhas
próprias - e grandes - decisões, eu coloco o rabinho entre as pernas, pego o
meu banquinho e saio de mansinho. Também não pode dizer que eu sou paciente:
não sei esperar coisa nenhuma, se não for agora, começo a enlouquecer, pirar o
cabeção. Sofro por antecedência e me desespero antes da hora. A ansiedade me
engole e depois me arrota, desnorteada. Tô longe de ser o tipo de garota que só
curte, que não cria mil e uma hipóteses em sua cabeça. Acho que eu sou eterna,
vai ver sou mesmo, e sonho, viajo; você está aí, parado e eu já vi nosso
casamento. Eu imagino diálogos e cenas, eu imagino o imaginável, você nem
sonha. Se você quer alguém só para uma noite, não me procure, não me convite
pra um passeio. Não permita que eu te conte detalhes e saiba das tuas manias,
eu me apego ao interior dos outros, ao perfume que fica na minha roupa. Você
vai notar que eu sou romântica, mas eu gosto de coisas reais e de mergulhos que te tiram o ar, como
paixões, gosto de coisas sérias, e não de brincadeirinhas. Gosto de amar, é
verdade; de me doar, também; gosto de entrega, meu bem. Sou assim mesmo,
demasiada em cada célula. E não ligue se eu for boba e preferir te fazer
carinho ao me entranhar no sexo. Valorize isso, ou ignore, mas não faça piada
desse meu jeito, de moça que devaneia sobre você e seus tipos de olhares e
sorrisos. Não me leve ao céu por um dia se vai me deixar na vida pacata e morna
da terra depois disso. Não se preocupe comigo e me ligue, se no outro dia, sai
com outra. Eu não preciso disso. Não sou mais um número de agenda; sei de onde
vim, quem sou e o que posso me tornar, e ser página virada não é meu objetivo.
Calma, não sou dessas que não comete loucuras; cometo sim, apenas
não gosto de pegar, através delas, desgosto por mim. Pareço certinha, careta,
exigente e inalcansável; também metida. Mas garanto que por dentro sou mar bom
pra navegar, com boas ondas para surfar, sou opostos. Sou compreensiva e
repreensiva; sou cama e edredom, como também sou badalação. Padrão eu também
não sou; costuro e cozinho o básico. Não me trate como passageira, porque eu não sou das que
esquece em uma noite e acorda revigorada. Se plantar um amor em mim, colha e
faça jus, pois tirar amor do meu peito pode ser mais difícil do que arrancar
uma espada presa a uma pedra. Gosto de ter algo real e não viver apenas o hoje,
minha vida é uma montanha-russa, não me culpe por querer alguma certeza,
segurança, um chão firme pra pisar. Não faço papel de calma e sim de inquieta,
daquelas que se vira na cama, que vira a cama, mas continua do mesmo jeito:
enlouquecendo. Por isso, posso te fazer muitas perguntas e falar demais, sem
pausa pra respirar. Ainda assim, não sou a chata que te liga; a que te persegue
ou priva dos amigos, não te quero só pra mim, só quero que o sentimento seja
meu. Quero sim essa tal de exclusividade. Se você acha que pode me comprar com
presentes ou frases bonitas, desista; me dê um pouco de você, que eu cuido. Não
quero nada que me devore e que futuramente, não irá me recompor; não leve meus
pedaços valorosos; não me iluda, eu preciso de esperanças. Sinceridade sempre,
não sei ser feliz na mentirinha. Quer saber moço, sou diferente sim,
dessas tantas que você beija, paquera, trova e coloca na sua cama, então não me
trate igual, pois quando fera ferida, gosto de também ferir e da raiva me
livrar.
"E nessa de
cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar
demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar
errado."